Anónimo quase-famoso.

Ontem foi Ladies Night. Decidimos sair todas juntas, sem rapazes atrás, como já há muito tempo não fazíamos. As expectativas estavam altas e a noite acabou por não me desiludir. Depois de horas e horas de produção (maquilhagem, calçado, roupa,...) acabamos por nos divertir muito entre danças, risos e sorrisos.  

A meio da noite o vaivém entre a pista, o balcão e o W.C. tornou-se frenético. Numa dessas muitas idas ao balcão reparei que o rapaz que tinha pedido a bebida antes de mim se tinha esquecido lá do cartão. Eu, boa pessoa como não há igual (or not!), peguei no cartão e fui atrás do seu proprietário. Toquei-lhe no ombro (Knoc, Knock) e no momento em que lhe ia entregar o cartão ele olha para mim com um ar eu-sou-mesmo-muito-bom e diz-me:

Ele: Ah, desculpa... Reconheceste-me? 

Eu: Ah? Não. É que...

Ele: Queres um autógrafo?

Eu: Não. Só queria...

Ele: Não precisas de estar envergonhada... É uma foto?

Eu: Não, é mesmo o cartão. Esqueceste-te dele em cima do balcão, pega.

Entreguei o cartão e virei costas. Era suposto eu tê-lo reconhecido de algum lado? E para que raio queria eu uma foto ou um autógrafo dele? Enfim...

Voltei para a pista e nunca mais me lembrei do Mr. eu-sou-mesmo-muito-bom. 

Mais para o final da noite aventurei-me na fila da casa de banho. Infelizmente parece que metade das pessoas que estavam na discoteca tiveram a mesma ideia naquele preciso momento. A fila não avançava. Eu estava mesmo apertadinha, encostada desconfortavelmente a uma parede, ainda do lado de fora do W.C. quando o Mr. eu-sou-mesmo-muito-bom me põe novamente a vista em cima e se dirige à minha pessoa:

Ele: Olá, voltamos a encontrar-nos.

Eu: É, dizem que um azar nunca vem só!

Neste momento as "pitas" que estavam perto de mim na fila já se encontravam num estado de histeria...

Ele: Tens a certeza que não me reconheces? É que à bocado pensei mesmo que vinhas ter comigo por me teres reconhecido. 

Eu: Tenho. Como viste só te queria entregar o cartão. 

Ele: É que eu costumo ser reconhecido, como entrei nos "Morangos"...

Eu: Pronto. 

Ele: Queres ir beber qualquer coisa? Estou-te a dever uma.

Eu: Não te incomodes, não é preciso. A minha mãe deu-me dinheiro para eu pagar as minhas próprias bebidas. 

Mas quem me manda a mim ser boa pessoa? Quem me mandou a mim ir ter com o rapaz para lhe dar o cartão? Se tivesse ficado quieta, metido o cartão ao bolso e passado o resto da noite a consumir com o cartão dele e depois atirasse com ele para um canto é que tinha feito bem. 

Peço desculpa por não te ter reconhecido (peço? Não peço nada! LOL), da forma como insististe no assunto isso deve-te ter abalado bastante, devo ter deixado o teu ego num estado de destruição completa. A boa notícia é que as "pitas" que estavam à minha frente na fila te reconheceram e fartaram-se de elogiar o teu físico, como vês Mr. eu-sou-muito-bom, ainda não és completamente anónimo.