segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A páginas tantas (3)

Olá princesas!

Desde criança que via (a versão francesa d) o livro de que vos venho falar hoje na estante da minha casa de aldeia, lembro-me que desde pequena aquele livro provocava em mim uma imensa atracção devido à sua capa dura, às fotografias e ilustrações chocantes presentes no seu interior (que para mim enquanto criança não faziam muito sentido) e à dureza do título "Moi, Christiane F., 13 ans, droguée, prostituée,..." , na verdade, acho que o que mais curiosidade me causava era o título, dava-me vontade de descobrir a história dessa "criança" que aos 13 anos se prostituía e era viciada em drogas... Como o livro estava escrito em francês limitava-me a ver as imagens e a imaginar as diferentes histórias que poderiam estar por detrás delas.  Mais tarde, quando comecei a falar e a ler fluentemente francês, trouxe da minha casa da aldeia para a casa onde eu moro alguns dos livros que a minha mãe havia lido na sua juventude (como a minha mãe viveu na França até aos 21 anos, todos os livros que ela tinha estavam escritos em francês) e que sempre me haviam despertado interesse devido aos seus tema polémicos (droga, prostituição, crimes sexuais, escravatura, questões sociais, ...), entre esses livros vinha o "Moi, Christiane F., 13 ans, droguée, prostituée" , que comecei logo a ler... Confesso que a leitura da versão francesa não foi fácil, havia muitas expressões e palavras que não entendia... Estava constantemente a "chatear" a minha mãe e a perguntar-lhe "isto ou aquilo" acerca do livro... Como estava mesmo curiosa acerca da sua história e não sou de desistir, continuei a sua leitura... Avançando muiiiito lentamente! Felizmente, uma vez a minha mãe teve a sorte de encontrar numa papelaria a versão portuguesa da história da Christiane F. e acabou por me o comprar.
A edição portuguesa que a minha mãe me comprou (e a única deste livro na altura) esteticamente não se mostrava tão atractiva como o livro de juventude dela, mas ia-me permitir, finalmente, conhecer a história sem falhas ou más interpretações.A sua editora é a "Edição Livros do Brasil Lisboa" e faz parte da colecção "Colecção Vida e Aventura" e a versão portuguesa do livro tem o título de "Os filhos da droga".




A ideia de criar o livro surgiu no julgamento da menor Christiane F. decorrido na Alemanha, no qual ela era acusada de adquirir e consumir intencional e continuadamente substâncias psicotrópicas.
Os dois jornalistas (Kai Hermann e Horst Rieck) que haviam ficado encarregues de entrevistar a jovem acabaram por se tornar seus confidentes e sentir a necessidade de publicar a história dramática que por ela lhes havia sido narrada. 
No fundo este livro retrata o dia - a - dia de uma criança que envereda no mundo da droga, que se vende nas ruas de Berlim para conseguir a sua dose diária, retrata, igualmente, o meio e as condições sociais e familiares em que desde sempre esta criança esteve envolvida... 
Ao longo do livro temos ainda acesso ao depoimento da mãe desta jovem.

A meu ver este livro assume também a função de "alerta social", pretende mostrar o que até à data havia estado escondido na consciência pública, a própria Christiane queria que se escrevesse este livro "porque se sentia levada a romper o vergonhoso silêncio que rodeia o tema".

Aconselho vivamente a leitura deste livro, principalmente a pessoas (como eu) a quem os temas sociais suscitam interesse.


Algumas da imagens presentes na edição francesa:





Muito recentemente tomei conhecimento que também existia um filme já antigo baseado nesta história, apesar de ter ficado curiosa ainda não o vi (por isso não me é possível comentá-lo), de qualquer forma, aqui fica o trailler, para as interessadas:



E vocês princesas, já conheciam este livro ou já assistiram ao filme?

Beijinho!


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