sábado, 8 de setembro de 2012

Our story!


Conhecemos-nos no infantário quando fui viver para a tua (que hoje é nossa) terra. Dessa altura pouco me lembro, tínhamos ambos 5 anos, tu eras muito mimado e chorão e eu era "a menina nova" que brincava com os rapazes no comboio do parque infantil e atirava com os lápis de cor para o chão quando me obrigavam a desenhar e não me apetecia. 
Um ano depois entramos na escola primária e mais uma vez dividimos a mesma sala. Foram 4 anos de muitas diabruras e castigos. Jogávamos futebol em equipas opostas e  andávamos à pancada quando os resultados não eram do nosso agrado. Eu passava-me porque tu eras muito lento a escrever quando a professora fazia ditados e tu dizes que eu tinha a mania por ter as melhores notas da turma e já saber ler e escrever antes de entrar na escola. Disseste-me recentemente que foi nessa altura que começaste a gostar de mim (tinhas uma forma tão estranha de o mostrar), mas naquela altura os rapazes para mim só serviam para jogar futebol e brincar ao que a maioria das meninas tinha medo de brincar. 
Entretanto fomos para o ciclo, continuamos a fazer parte da mesma turma, mas já não passávamos os intervalos juntos. Tu continuavas a jogar futebol e eu ficava com as outras meninas à conversa, armadas em adultas entre confidências e conversas que na altura achávamos chocantes. 
Dois anos mais tarde entramos no liceu, fomos para o 7º ano e achávamos-nos os maiores, finalmente estávamos na escola "dos grandes" (como todos nós lhe chamávamos). Foi nesta altura que eu comecei a olhar para ti de forma diferente. Já não eras o rapaz com quem eu jogava futebol, apercebi-me do quanto tinhas crescido e mudado. Jogavas andebol na equipa da escola e eu ia a todos os teus treinos e jogos, de vez em quando sorria-te timidamente e tu retribuías. Todos os nossos amigos diziam que estávamos apaixonados, trancavam-nos no WC da escola e faziam brincadeiras idiotas que nos deixavam envergonhados e faziam perder a coragem de confessar os nossos sentimentos. 
O tempo passou e finalmente chegámos ao 9º ano, os sorrisos, olhares  e falta de coragem para confessar sentimentos eram permanentes. Ambos tínhamos dificuldades na disciplina de Física e Química, eu sempre fui mais virada para a área de letras e tu sempre tiveste muito mais jeito para o desporto. Por decisão (conjunta) das nossas mães inscrevemos-nos num centro de explicações. Uma vez por semana estudávamos os dois em conjunto, durante uma hora, acompanhados por uma professora dessa maldita disciplina. A professora era de uma terra vizinha e por vezes chegava atrasada, nós ficávamos os dois à espera à porta da sala, envergonhados, sem dizer nada um ao outro. Um dia, a meio do inverno, chovia torrencialmente e a nossa explicadora não havia meio de chegar. Já estávamos fartos de esperar quando a directora apareceu e nos mandou entrar para a sala e começar a fazer os trabalhos porque a explicadora ainda ia demorar um bocado. Entrámos, eu sentei-me, tu ficaste junto ao quadro a brincar com o giz. Escreveste o meu nome no quadro com o teu por baixo. Eu levantei-me para o apagar. Quando cheguei perto de ti tu agarraste-me a mão, olhaste para mim e riste-te. Eu comecei a tremer. Tu passas-te a mão no meu cabelo e beijaste-me. Ao início não reagi, quando o beijo terminou fiquei a olhar para ti e tu hoje dizes que te assustei quando te empurrei para o quadro e te comecei a beijar. A explicadora chegou e tivemos a hora mais longa de estudo das nossas vidas. Quando saímos para a rua eu não sabia bem o que fazer, apetecia-me beijar-te, mas tinha medo que aquilo que se tinha passado na sala para ti não tivesse passado de uma forma de passar o tempo. Já estava escuro e nós morávamos em locais distintos, mas tu continuaste a caminhar a meu lado. Perto de minha casa, junto ao campo de futebol, tu deste-me a mão, levaste-me para um sítio onde ninguém nos podia ver e disseste que me amavas. Eu ri-me e pedi-te em namoro. Tu disseste que sim e beijaste-me mais uma vez. 
Sentia-me bem a teu lado, fazias-me feliz. Crescemos muito nesses meses, ganhamos confiança em nós próprios confiando um no outro. Mas apesar de todo o crescimento e de tudo o que vivemos e experimentamos em conjunto, não passávamos de duas crianças. 
O verão chegou e com ele chegaram também as férias escolares e o nosso afastamento. Tínhamos ideias diferentes e não sabíamos lidar com elas, discutíamos permanentemente e a pouco e pouco começamos a magoar-nos mais do que a amar-nos. Terminámos. 
No 10º ano seguimos caminhos diferentes, tu escolheste a área de desporto e eu a de humanidades. Deixámos de nos ver com tanta frequência na escola. Tu tinhas o teu círculo de amigos e eu tinha o meu, pouco ou nada tínhamos em comum e era melhor assim. 
No 11º ano, como a turma de desporto e a turma de humanidades eram pequenas juntaram-nos na disciplina de inglês. Péssima ideia. Não conseguíamos estar na mesma sala de aula sem discutirmos, tudo o que eu dizia ou fazia era alvo da tua crítica e sempre que tu abrias a boca eu tinha pronta uma resposta maldosa e sarcástica. Eramos constantemente expulsos da sala de aula mas de nada adiantava porque as discussões continuavam no corredor. Toda a gente dizia que o nosso caso era amor, nós dizíamos que toda a gente devia estar louca. 
No 12º ano, não tínhamos nenhuma disciplina em conjunto (felizmente), mas fomos juntos na viagem de finalistas onde nos tentaram juntar a toda a força, chegando ao ponto de nos trancarem aos dois sozinhos dentro de um quarto enquanto toda a gente tinha saído para a noite. Acho que foi a pior noite da minha vida, partilhar o mesmo espaço que tu tirava-me do sério e tu para piorar a situação insistias em provocar discussões despropositadas e sem sentido. 
No final do 12º ano pensei que me tinha visto livre de ti. Ia entrar na universidade e não me ia cruzar contigo com tanta frequência. Mais uma vez estava errada. A minha mãe comprou um apartamento novo mesmo em frente à tua casa e eu tive de ser tua vizinha à força durante todo o verão. 
Saíram os resultados das candidaturas à universidade, eu consegui entrar na minha primeira opção, tu entraste na segunda. O problema é que a tua segunda opção era na mesma terra e na mesma escola que a minha primeira, felizmente em cursos diferentes. Como as nossas mães sempre foram muito amigas decidiram que iríamos os quatro juntos procurar casa para nós os dois vivermos e fazer a matrícula na universidade. Durante a viagem nem eu nem tu abrimos a boca. Tu dizes que eu revirava os olhos constantemente e que isso te estava a irritar profundamente. Feita a matrícula fomos escolher casas. Eu fui a primeira a encontrar, um apartamento num 3º andar de um prédio só de estudantes que iria dividir com mais três raparigas. Infelizmente uma das raparigas que ia viver comigo namorava com um rapaz que vivia no apartamento ao lado e andava à procura de um inquilino para um quarto vago. Tu ficaste com o quarto.  Na viagem de volta as nossas mães estavam todas entusiasmadas por irmos viver perto um do outro, segundo elas ia ser melhor ter alguém conhecido por perto. Naquele dia perdi grande parte da vontade que eu tinha de ir estudar para fora, nem assim eu me ia conseguir livrar de ti? 
As aulas começaram. Ambos começamos a conhecer pessoas diferentes e raramente nos víamos. Uma semana depois começaram as praxes. Todos os caloiros da nossa escola eram praxados em conjunto por isso ia ter de passar algumas horas na tua presença e só de pensar nisso sentia-me enervada. Todas as noites tínhamos praxe obrigatória entre as nove e as duas da manhã, depois dessa hora os caloiros ficavam dispensados para ir para a noite. No início os grupos de caloiros que iam para a noite diariamente eram enormes, mas com o tempo começaram a diminuir. Chegou uma altura que havia apenas cinco resistentes diários: eu, a J. (que morava comigo), o Z. (que morava contigo), o J. e tu. Como a J. e o Z. começaram a namorar às escondidas e ambos eram as pessoas mais próximas de nós começámos a sair com o mesmo grupo de amigos. No início havia muita tensão o que levava (mais uma vez) toda a gente a dizer que o que havia entre nós era amor, mas com o tempo e com a ajuda de muitas bebidas voltamos a reatar a nossa relação de amizade e cumplicidade. Voltamos a conseguir comportar-nos de forma civilizada perto um do outro. 
Uma das praxes a que fomos sujeitos consistia num jogo de futebol entre os "Doutores" e os caloiros. Tu estavas lá na equipa dos caloiros, enquanto eu estava na bancada a torcer pela minha equipa. Aconteceu tudo muito rapidamente, num momento tu estavas a tentar resgatar a bola e no momento seguinte estavas deitado no chão agarrado ao joelho a gritar de dor. Foste rodeado por uma multidão, ninguém sabia o que fazer, ninguém sabia o que tu tinhas, só eu. Fui ter contigo e tu olhaste para mim com aquela cara de puto que fazes sempre que és apanhado numa asneira. Eu sabia que não querias ter de dar explicações a ninguém, por isso, pedi ajuda para te levar até ao meu carro e disse que te ia levar a casa para descansares. Não te levei para tua casa, levei-te para a minha. Não te quis deixar sozinho depois de ver o quanto estavas a sofrer. Fomos para a varanda do meu quarto, tu mal conseguias andar, sentamos-nos no chão frio e tu começaste a chorar, eu não disse nada, só passava a minha mão na tua cara e no teu cabelo. Eu sabia o que se passava, sabia o quanto te tinha custado teres sido operado ao joelho e o quanto tinhas ficado feliz quando soubeste que podias voltar a fazer desporto... E agora tudo tinha voltado à estaca zero. Passámos a noite abraçados na minha varanda, fazia frio mas nenhum de nós pareceu importar-se muito com isso. 
No dia seguinte tu não estavas melhor, mas não querias admitir e muito menos ir ao hospital. Andaste com dores mais de uma semana. Não ias às aulas, às praxes nem saías à noite. Só te via quando passava em tua casa a perguntar como estavas. 
Chegou o fim - de -semana e tu ainda não conseguias conduzir por isso estavas a pensar não ir a casa, mas eu sabia que te estava a custar ficar sozinho o fim - de - semana inteiro, por isso convidei-te para vires comigo no meu carro. Tu aceitaste. 
Na segunda - feira seguinte voltaste à praxe. Já toda a gente tinha saudades tuas, do teu bom humor e da tua lata para responderes aos "Doutores". Como sempre a praxe começou com os caloiros todos "de quatro", a olhar para o chão. Tu estavas ao meu lado e de repente vi-te levantares-te. Os "Doutores" começaram a gritar contigo por estares a desobedecer a uma ordem deles, mas tu não te importaste. Ficaste de frente para todos os caloiros e todos nós começamos a levantar a cabeça um a um para ver o que se passava. O "Doutor" que vivia na tua casa já sabia o que tu estavas a pensar fazer, mandou fazer silêncio e chamou aos berros: "Caloira sueca, já aqui para a frente!". A caloira sueca era eu (por ser branquinha, de cabelos claros e olhos azuis). Levantei-me a medo e aproximei-me. Tu chegaste-te mais perto de mim, ajoelhaste-te e disseste: "Feia, queres namorar comigo?" e eu finalmente ganhei coragem para dizer: "Levanta-te parvo, olha o teu joelho!"

Hoje, quase cinco anos depois, continuo e quero continuar a ser a "tua feia".

22 comentários:

  1. Que bonita história de amor :)

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  2. Awww *.*
    Que história mais querida *.*

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  3. Oh que lindo... Tantas memórias!
    Melhor pedido de namoro de sempre ahah

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    1. Sim, já são muitas memórias e histórias em conjunto! :)
      Foi muito original, deixou-me completamente derretida! ;)

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  4. Awwww, adorei ler este texto! *---*

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  5. São estas coisas que nos fazem acreditar no amor...

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    1. É bem verdade... E eu espero continuar a acreditar durante muito tempo! :)

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  6. Awwww..que história de amor bonita =)

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  7. Oláá :D Sou nova no teu blog, descobri-o agora e posso dizer-te que nenhuma história recentemente me agarrou tanto como esta (e eu que não sou de lamechices)! É realmente surpreendente não te conseguires livrar do rapaz e no entanto ficarem juntos. Adorei ahah +.+
    beijinhos*

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    1. Olá princesa, obrigada pelo comentário! :) Espero que gostes deste meu/ nosso "cantinho". ;)
      Eu, tal como tu, também não sou nada lamechas, mas é a minha história, é "o meu puto" e é impossível não ficar babada com ele e com tudo o que já passamos juntos! :) Agora é ele que já não se livra de mim! xD

      Beijinho ♥

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  8. Sorte a tua que te saiu um príncipe numa história de amizade que começa no infantário. Não tiveste um psicopata :(

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    1. Já naquela altura ele se deve ter apercebido que comigo não tinha grandes hipóteses de "brincar"! xD Mas a ti saiu-te um psicopata? :/

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  9. Gostei imenso do teu blog e adorei a vossa história! :)

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Never look back, if Cinderella went back to pick up her shoe, she wouldn't have become a princess ♥